Que o café é fundamental para a economia brasileira e está presente em praticamente todas as casas não é novidade. Nós somos os maiores produtores e exportadores de café do mundo – 70% do café produzido no Brasil é exportado, ficando apenas 30% para o consumo dos brasileiros.
Mas, você sabia que deste percentual que fica, apenas 9% são cafés especiais e 91% cafés tradicionais.
Mas café não é tudo igual? NÃO!
Neste artigo, nós vamos falar sobre a diferença entre o café tradicional e o café especial. O que precisamos ter em mente é que a maior parte dos cafés especiais, os de verdadeira qualidade, são exportados e consumidos nos outros países. Enquanto nós, na maior parte, tendemos a ficar com um café de qualidade inferior.
Café tradicional
Em geral, a composição do café tradicional é feita com grãos da espécie arábica (rico em sabor e óleos aromáticos), 30% da espécie robusta e até 20% de defeitos PVA (pretos, verdes e ardidos), ou seja, metade deste café é composto por grãos inferiores e defeitos que influenciam diretamente a qualidade do café (aspecto, cor, torração e bebida). Essa mistura diminui a complexidade e acidez do café, reduzindo também o seu custo, principalmente por conta do café robusta ser menos valorizado do que o arábica no mercado.
O café tradicional tem um sabor mais amargo e intenso, de coloração escura, um preto forte. É um café produzido em grande escala e por conta da matéria prima e também do processo de produção ele acaba tendo a qualidade inferior ao café especial.
Os grão desse tipo de café são muito torrados, dando aquela coloração preta e um forte amargor. Os pacotes podem conter, além dos queridos grãos de café, impurezas e grãos defeituosos. Possuem baixíssima complexidade no sabor final da bebida. Em resumo, a maioria das pessoas desconhecem a grande complexidade do café e os seus tipos. Muitos consomem o café sem de fato sentir as suas notas sensoriais, que dão todo o sabor e diferencial para a bebida. Os cafés tradicionais encontrados nos supermercados, além de não oferecer a qualidade correta, também não proporcionam o melhor sabor da bebida.
Café especial
A ABIC, Associação Brasileira da Indústria do Café, classifica como Café Especial os cafés de alta qualidade, cumprindo uma série de requisitos.
Considerado um café de alta qualidade, tem origem controlada, é feito com grãos nobres e sua produção é certificada como ambiental e socialmente sustentável.
Na classificação da SCAA, Associação Americana de Cafés Especiais, a pontuação do café especial é no mínimo 80 pontos (vai até 100). Nesta metodologia são avaliados os seguintes atributos: fragrância/aroma, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, finalização, harmonia e conceito final (impressão geral sobre o café).
Para atingir a pontuação de acordo com esses critérios, a produção do café deve ser feita com os frutos maduros, os chamados grãos cereja, por conta da cor avermelhada.
Depois de secos, limpos e selecionados, os grãos são encaminhados para um laboratório de análises sensoriais, para então serem torrados.
A região de cultivo do café também indica se o café é especial. No Brasil, os cafés especiais vêm de plantações situadas de 800 a 1500 metros acima do nível do mar.
Montanhas no sul de Minas Gerais, cerrado mineiro, norte do Paraná, região Alta Mogiana, em São Paulo, planalto e oeste da Bahia são regiões onde se produz café especial.
Em suma…
A diferença entre um café tradicional e um especial são inúmeros…a começar pelo grão.
No caso do café especial, os grãos são selecionados, uniformes e sem defeitos.
Já para o café tradicional, são utilizados grãos que podem apresentar defeitos e impurezas, pois não passam por uma seleção rigorosa como os especiais.
Outra diferença é o sabor. Cafés tradicionais têm sabor mais ácido e amargor acentuado do que os especiais, que são suaves.
A cor também é uma característica que os diferencia. O café especial pronto tem cor achocolatada e translúcida, enquanto o tradicional é preto e opaco.